sexta-feira, 24 de junho de 2016

Primeira review de "The Duel"

A edição online da revista Variety liberou a primeira review oficial de The Duel (antigo By Way Of Helena), e abaixo, você confere traduzido:

Filme Review: O duelo
Por Owen Gleiberman

Woody Harrelson como um sinistro líder de seita encara Liam Hemsworth como um Ranger do Texas em um impasse bem faroeste.

Se você é um ator interpretando alguém que é louco, perturbado e do mal, quase nada vai fazê-lo entrar tanto no personagem como um novo visual surpreendente. Há uma tendência de que o look venha do departamento de Makeup (pense no coringa de Heath Ledger em "O Cavaleiro das Trevas" ou o Al Capone de Robert De Niro em "The Untouchables") ou, talvez o look simplesmente, venha do barbeador elétrico. Em "The Duel", Woody Harrelson interpreta uma espécie de líder de seita sulista letalmente carismático nos anos após a guerra civil, e seu desempenho, que é sobre ser o tipo de pessoa que ninguém consegue desviar a atenção, começa com o look: a cabeça raspada, o que não parece grande coisa, mas combinando com as sobrancelhas raspadas (e rabiscos ocultos em seu lugar), dão a Harrelson a aparência de um psicótico no corredor da morte, ou uma criança mal crescida, ou talvez um alienígena. Ele realmente usou esse look, uma vez - no último ato de "Born Killers natural" (Assassinos por natureza, no Brasil), onde Mickey Knox, preparando-se para uma entrevista mundial da prisão raspa a sua cabeça, como melhor modo de comunicar a sua mensagem: que o assassinato não é errado, uma vez que é algo que os seres humanos fazem tão naturalmente como os lobos selvagens.

Em "The Duel", Harrelson é Abraham, que é conhecido como The Preacher (O pregador ou O pastor), jorra uma espécie muito semelhante de filosofia, que faz você se perguntar se pedaços disso não evoluíram ao longo do tempo no próprio Harrelson (...). O filme começa com uma briga de faca ritualística na lama, e antes mesmo do duelo começar é óbvio que The Preacher vai ganhar, porque seu olhar diz que ele tem a vontade de matar (Ele mal pode esperar para começar). O pastor é um ex-oficial confederado que lutou na Guerra Civil, e que também realizou escalpos¹ (de índios, mexicanos, escravos fugidos – qualquer um que não fosse branco). Agora, ele reside em Helena, uma cidade com o visual simplório e a sensação de uma vila Amish², com muitas regras para todos - exceto para ele. Ele tem um filho assustador (Emory Cohen) que ele domina, e uma prostituta (Felicity Price) que ele trata como um móvel. É o seu pequeno oásis fascista, mas as rachaduras estão começando a aparecer: cadáveres de imigrantes mexicanos, dezenas deles, são descobertos pelas autoridades norte-americanas nos arredores da cidade. Então David Kingston (Liam Hemsworth), um Ranger do Texas que quando menino perdeu seu pai em uma briga de faca (hummm...), é enviado à paisana para investigar.

Hemsworth tem um outro pequeno filme sendo lançado que você deve ter ouvido falar "Independence Day: Resurgence" - mas "The Duel" oferece a primeira chance real que tivemos de ver como ele age sendo um protagonista adulto que mantem um filme, sem truques, além do magnetismo de sua atuação. E Hemsworth consegue: usando uma barba escura espessa, ele preenche a tela com uma fácil confiança jovem que podem lembrá-lo do Brad Pitt de 20 anos atrás. "The Duel" é basicamente um faroeste, com Kingston como o pistoleiro nobre que vagueia, sem medo e de olhos abertos, em um lugar onde ele sabe que está desarmado e em menor número, mas nunca em desvantagem. O Pastor de Harrelson é o vilão proverbial em um chapéu negro - embora, na verdade, ele prefira passear em um terno de cor creme e chapéu combinando, o que faz tudo parecer mais estranho, como um androide em seu melhor terno de domingo.

Kingston trouxe junto sua esposa mexicana, Marisol (Alice Braga), que fica entediada sentada sozinha, esperando por ele. É sua presença sedutora que complica as coisas. Quando o pastor insiste que os dois fiquem por um tempo, mesmo precisando ir tão longe a ponto de nomear Kingston como xerife da cidade, tudo soa como uma ameaça que parece um convite. Para The Preacher, com a sua atitude devoradora, Marisol é carne fresca - não apenas uma outra mulher para devorar, mas o objeto em um jogo de poder entre ele e Kingston, o garoto novo na cidade. Ele tem que demonstrar quem é o lobo alfa. Quando ele faz a Marisol uma visita privada, Harrelson é todo sorrisos e carícias e uma insinuante preocupação, repleto de afetação. Mas ele também sugere que ela está doente com a "febre", e em pouco tempo, ela está. Ela está sob seu feitiço.

A guerra entre civilidade e insultos, predominando a dominância masculina sugere uma variação de "Straw Dogs" (Sob o domínio do medo, em português) de Sam Peckinpah, mas "The Duel", apesar de algumas cenas iniciais promissoras, não tem uma força parecida. É mais como "Straw Dogs", só que como um filme de televisão medíocre, e a tensão se dissipa lentamente. O diretor, o australiano Kieran Darcy-Smith e o roteirista, Matt Cook, utilizam-se de diferentes fontes. Quando finalmente sabemos o que está acontecendo com todos aqueles mexicanos mortos; é uma ideia assustadora, mas está longe de ser original, fundindo "The Most Dangerous Game", com filmes como "Albergue" de Eli Roth, para não mencionar um toque de didatismo liberal anti-racista perfeitamente programado para a campanha de [Donald] Trump. "The Duel" promete uma batalha de inteligência e vontade, e em seguida, se transforma em um violento saco de surpresas. Mas vale se você quiser ver Woody Harrelson em outro filme digno de sua maliciosa bravura nietzschiana careca.

¹ escalpo – retirada do couro cabeludo do crânio. 

² amish – grupo religioso conhecidos por costumes conservadores, como o uso restrito de equipamentos eletrônicos, inclusive telefones e automóveis.

Fonte: VARIETY

2 comentários:

  1. Assistir o filme The Duel, muito bom parabéns, fiquei seu fã Alice, meu nome é Aldrim Batista, moro em Natal RN
    aldrim5@hotmail.com

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    1. Olá Aldrim. Nós fãs da Alice agradecemos o comentário!

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