sexta-feira, 24 de junho de 2016

Entrevista de Alice e matéria sobre QOTS no The Guardian



Alice Braga durona como a anti-heroína das drogas em Queen of the South.
Por Jeff Pfeiffer


"Você não vai gostar de mim", Teresa Mendoza adverte aos telespectadores logo no início da série Queen of the South (que estreia na quinta-feira), a adaptação da popular telenovela em língua espanhola La Reina del Sur (baseada no romance best-seller por Arturo Pérez-Reverte, que é também de onde a série se baseia). Mas, quando Teresa começa a nos levar de volta e contar a história de como ela subiu de circunstâncias pobres no México para se tornar uma poderosa senhora das drogas na América, nós realmente gostamos dela, até certo ponto, da mesma forma que muitos espectadores começaram a torcer por Walter White em Breaking Bad.

É o apelo de que o arquétipo do anti-herói entrou em voga na TV nos últimos anos, mas é normalmente visto através da lente de um personagem masculino. Em Teresa, temos uma das raras anti heroínas do sexo feminino na televisão, bem como a complexidade de um personagem tão atraente para a atriz brasileira Alice Braga, que a interpreta.

"É um personagem muito interessante," Braga nos disse. "Ela é alguém muito controversa no sentido de que ela se torna uma traficante de drogas, especialmente uma vez que nós não vemos muitas mulheres nessa posição. ... Eu amo que ela não se vitimiza. Há algo que eu sempre pensei quando eu estava a interpretando, que é que os heróis não são vítimas. Ela não se vitimiza ou sente pena de si mesma, e acho que é por isso que ela se torna o que ela se tornou".

Além de ver o que Teresa torna-se no início da série, nós - e Teresa - também temos vislumbres de seu próprio futuro de "rainha" por meio de uma técnica interessante que a série usa. A jovem Teresa, ainda na corrida e lutando, vê em sua mente, particularmente durante momentos muito estressantes, sua persona mais madura, que está avisando a ela sobre o sucesso que a espera. Isso exigiu que Braga interpretasse fases diferentes da personagem em um mesmo ponto da história.

"Eu tentei entender como eu [iria] de uma para a outra", explicou Braga "e [Eu estava] interpretando com uma linguagem corporal diferente porque é uma caracterização completamente diferente, uma postura completamente diferente e uma pessoa completamente diferente. Porque uma ainda é um pouco ingênua, mais frágil e apenas uma mulher jovem tentando sobreviver, e a outra é uma mulher forte e poderosa. Eu ainda estou aprendendo a desvendar as duas, mas é um bom desafio. "

Traduzido e adaptado de: TV Weekly

Confira ainda a tradução de uma matéria super legal do jornal britânico The Guardian que fala sobre os prós e contras da série:

Rainha do Sul: a história viciante de uma baronesa da droga estilo Narcos

Vagamente baseado em uma história verdadeira, esse show emocionante coloca uma rotação diferente sobre o drama do narcotráfico - e o personagem principal é uma MacGyver Latina, mas com um cabelo melhor.

Qual é o nome desse show? Queen of the South

Quando ele deve estrear? Quinta-feira 23 de junho, às 10h

Sobre o que é este programa ? Teresa Mendoza (Alice Braga) começa como uma pobre cambista humilde no estado mexicano de Sinaloa, mas sobe para gerir seu próprio cartel de drogas.

Então, é como Narcos feminino? Sim, um pouco, mas isso é um pouco redutor. Esta série é baseada em uma novela popular, La Reina del Sur, que foi ao ar na Telemundo, que em si é uma adaptação de um romance espanhol com o mesmo nome de Arturo Pérez-Reverte. O livro é baseado na vida da traficante Marllory Chacón. Então, sim, como o excelente Narcos da Netflix, sobre a vida de Pablo Escobar, é um drama narco vagamente baseado em eventos reais, mas o espírito do empreendimento é diferente.

O que acontece no primeiro episódio? Vimos pela primeira vez o grande sucesso de Teresa quando ela é morta a tiros em sua mansão. A ação volta para seus primeiros anos, quando ela encontra pela primeira vez um traficante de drogas e se apaixona, elevando seu status social consideravelmente. Quando o namorado rouba um líder de cartel, Don Epifanio (Joaquim de Almeida), ele acaba morto e os homens de Don Epifanio estão atrás de Teresa para amarrar todas as pontas soltas. Ela pega o dinheiro, a cocaína, a arma e o misterioso caderno que ele lhe deu e sai para tentar salvar a própria vida.

Existe um monte de ação? Eventualmente. Em primeiro lugar, há um monte de exposição sobre quem Teresa é e seu lugar no cartel, o que é ainda mais notório por uma narração, que é, por coincidência, também o pior aspecto de Narcos. No entanto, uma vez que a perseguição começa é uma perda depois da outra. Teresa corre, se esconde, explode alguns carros, dispara em alguns caras e faz qualquer coisa para escapar. O que faz ela fascinante não é observar o movimento cinético (que é bem filmado em tons arenosos), mas vê-la tentar se safar de situações difíceis usando seus recursos limitados. Ela é como uma MacGyver Latina, mas com o cabelo muito melhor.

É bom? É muito bom, na verdade, mas os telespectadores terão de lhe dar um pouco de tempo. No começo o show parecia desajeitado e bobo, com Teresa se intrometendo no negócio de Don Epifanio e bisbilhotando a luta entre ele e sua esposa, a  cruel Camila (Veronica Falcon). Então, ela está deitada em uma banheira assistindo Scarface na televisão, e é apenas um pouco óbvio. Parece que ela está tentando ser esperta e elegante e está falhando miseravelmente.

A próxima coisa que você percebe, é que você vai ser sugado para a história de Teresa, não só porque ela está literalmente correndo para salvar sua vida, mas também porque não tem havido um personagem semelhante a ela na televisão antes. É fácil dizer que ela é um Walter White mulher, mas suas motivações são completamente diferentes. Cada anti-herói masculino na televisão (e tem havido mais do que Donald Trump tem concordatas) é compelido por razões principalmente egoístas, especialmente White, que diz que ele está cozinhando metanfetamina para ajudar a sua família, mas ele está realmente fazendo isso para alimentar seu próprio ego.

Teresa, por outro lado, é forçada a esta situação onde ela tem que ser mortal e conivente como uma questão de sobrevivência. Ela é vítima de um sistema onde ela só vai prosperar, alinhando-se com um homem, mas onde essa aliança também leva à sua destruição. Quem pode culpá-la por revidar? Torcemos para ela como um ato de desafio contra o sistema que a criou. Teresa é a agressora, mas ela também é vítima e é uma dinâmica fascinante para assistir

Somente o primeiro episódio foi disponibilizado para os críticos, por isso é difícil julgar como Queen Of The South vai soar como uma série de forma geral, mas o piloto é um dos melhores que já vi em muito tempo.

O canal USA normalmente não faz apenas séries bobas? Sim, no passado ele era conhecido por programas como "Burn Notice", "Psych" e "Royal Pains", mas com a estreia do acerto crítico de "Mr. Robot" no último verão, está oferecendo um material mais dark e ambicioso. Queen Of The South não é um "home run" óbvio, como Mr Robot (especialmente julgando apenas um episódio), mas mostra que a equipe de desenvolvimento da USA está levando a sério sua nova direção e fazendo um ótimo trabalho selecionando projetos.

O que há de errado com o show? O maior problema é o uso do espanhol. Os personagens quase sempre falam inglês, o que é não realista, mas, vamos ser francos, o público americano é demasiado preguiçoso para assistir algo com legendas. No entanto, ocasionalmente os personagens soltam espanhol em palavras, frases ou frases completas. Não há nenhuma razão para eles usarem a sua língua materna e ter a mistura de duas línguas não faz parecer mais autêntico - apenas alerta o espectador para o fato de que eles deveriam estar falando em espanhol o tempo todo.

Há mais alguma coisa que é grande sobre o show? Em vários momentos eu notei o quão maravilhosa a trilha eletrônica é pulsante e então notei nos créditos finais de que é por conta do pioneiro musical Giorgio Moroder. Isso é apenas a cereja no topo do bolo.

Devo assistir a este show? Sim, você deve. É ambicioso, diferente e cativante, mesmo que apenas  a primeira hora. Como o resto da temporada vai moldar-se é uma incógnita, mas se potencial fosse cocaína, este show teria montes dele empilhado na mesa de café.

Fonte: The Guardian

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