Há um tempo já, venho pensado em
fazer críticas/reviews de filmes da Alice e postar no blog
mensalmente, mantendo em vista que meu entendimento sobre cinema é só de
admiradora resolvi dar início a tarefa! Começo, pelo filme mais
recente que assisti dela: Kill me Three Times (que poderia ser traduzido como
Mate-me três vezes), e que está disponível no Brasil apenas
on demand.
Sinopse:
O filme se
passa na cidade litorânea de Eagle’s Nest, Austrália, e acompanha uma mulher
(Alice Braga) que serve de conexão para três histórias de assassinato,
chantagem e vingança. Enquanto isso, Charlie Wolfe (Simon Pegg) é um assassino
que é contratado para matá-la.
Ficha
Técnica:
Título Original: Kill Me Three Times
Ano de Lançamento: 2015
Gênero Ação / Suspense
País de Origem EUA / Austrália
Tempo de Duração: 90 minutos
Direção Kriv Stenders
Elenco:
Teresa Palmer … Lucy Webb
Simon Pegg … Charlie Wolfe
Alice Braga … Alice Taylor
Luke Hemsworth … Dylan Smith
Sullivan Stapleton … Nathan Webb
Kill me Three Times é um daqueles filmes que vão
e voltam ao redor de uma mesma história para mostra-la a partir de perspectivas
diferentes. O que significa que por volta dos 30 minutos do filme você
basicamente já tem a história – quase – resolvida. Pode ser um problema? Sim.
Pode dar vontade de desistir do filme? Também. Se você não gosta desse tipo de
filme, são grandes as chances de que por volta de meia hora de reprodução você
pense em desistir, mas caso você assista de mente aberta, ou [como eu] goste
dessa forma de contar histórias então o filme pode ser um trunfo, já que (se
você está acostumado a assistir esse gênero de filme já deve saber) a
“resolução” da sinopse original, não significa que a história acabou (vide
Ponto de vista [2008], e de certa forma Deja vu [2006])
Eu, particularmente, adoro esses filmes
especialmente quando a história é bem amarrada e as idas e voltas do filme
ficam redondinhas... o que [sendo bem honesta] não é exatamente o caso aqui. A
história é, sim, razoavelmente bem amarrada, mas não surpreende muito; nada que
estrague totalmente o filme, mas algo que tira um pouco a graça do mesmo.
Dito isso é importante manter em vista que Kill
me Three Times é um thriller de ação, com um toque de comédia e que não quer
ser nada mais além de um thriller de ação, com um toque de comédia. O que eu
aplaudo de pé! Sério, tem coisa mais irritante do que filme que quer ser mais
relevante e dramático do que o seu roteiro diz que ele é? Assim o filme se
mantem como uma dessas obras divertidas e levemente confusas, com um humor
seco, negro e (violento) que você vai vendo, vai vendo e quando se liga já tá
vidrado pra ver como a bagaça toda vai se resolver... torcendo pelos (e
principalmente) contra alguns personagens, num feeling bem filme
de ação dos anos 80.
Essa torcida se dá principalmente por conta da
atuação dos atores. Eu destacaria o personagem do Simon Pegg, de longe o mais
engraçado, maluco, malvado, e bem feito da história. Confesso que não liguei o
nome à pessoa e só quando vi o trailer de Missão Impossível 05 saquei que
ele é o nerd de estimação do Tom Cruise: o personagem responsável pelas
piadinhas da franquia, mas isso acabou sendo ótimo pra mim porque sem grandes
referências do trabalho do Simon totalmente acreditei na versão badass dele que
interpreta um executor meio casca dura, meio figura engraçada. Outra surpresa
pra mim foi Teresa Palmer. Essa foi o contrário, já conhecia o trabalho dela em
“Eu sou o número 04” e “Aprendiz de Feiticeiro”, dois filmes bem marromeno onde
ela fazia quase que a mesma coisa, aquilo que os americanos chamam de Girl
next door, então foi ótimo ver a personagem dela como essa malvada,
meio neurótica, com um marido bem babaquinha. Callan Mulvey e Luke Hemsworth
pra mim nem fedem, nem cheiram no filme sendo que o segundo parece ter o mesmo
problema que os irmãos: eles devem ser muito gente fina, sério mesmo, mas ficam
devendo no quesito expressividade.
Sobre o personagem da Alice – Eu sou super
suspeita pra falar, mas vou tentar manter a imparcialidade apresentando pontos
positivos e negativos – primeiro gostei que o papel dela é o que norteia a
história (é ela que todo mundo quer matar no filme), mas por todas idas e
vindas esperei que a personagem fosse sendo aprofundada, e não foi o que
aconteceu. Claro que filmes assim não se propõem a isso, mas eu esperava ver
mais nuances da personagem, já que ela é tão importante na história. O que
eu mais gosto da atuação da Alice é que ela é sutil, meio
delicada, sem grandes cenas de choro, centena de pseudo-emoções, e acho
que podiam ter utilizado disso pra construir uma personagem mais ambígua
[lembro de ver algumas entrevistas onde ela falava que haviam diferentes cortes
do filme onde sua personagem era mais 'má', provavelmente no processo de edição a personagem acabou perdendo essas características].
O grande destaque, no filme, entretanto é mesmo a
edição e não
poderia ser diferente pois esse é o norteador do filme: as idas e vindas (três,
é claro, no total) são a alma da história e o fio condutor da obra; a ideia é
que assim como uma peça de quebra cabeça a partir das três ‘mortes’ nós vamos
entendendo – e nos envolvendo – melhor na história. Assim uma cena pode ter
diferentes sentidos e partir de lugares diferentes como, por exemplo, essa
abaixo:
Eu, particularmente, não conhecia o trabalho
do diretor, mas achei ele competente, fez o que se propôs a fazer e gerou
um produto se não brilhante ao menos coeso - Kill me Three
Times é um filme interessante, executado de forma correta e sem grandes
pretensões: cinema pipoca delicinha, para assistir uma, duas e até três vezes.